Esta, que talvez seja a única legítima arte marcial brasileira, declarada
patrimônio cultural brasileiro
pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), foi criada nos tempos da
escravidão, pelos negros do Brasil, como forma de preparação para as fugas. Um capoeirista
em fuga tinha maior chance de sucesso contra os capitães-do-mato (os homens encarregados
de recapturar os negros que fugiam das senzalas). Como não poderiam treinar técnicas de
luta abertamente os escravos foram levados a disfarçar sua prática em uma dança. A música
não servia apenas para disfarçar, mas também para avisar aos praticantes que alguém
indesejado se aproximava. Através de uma mudança de ritmo os lutadores eram avisados de
que deviam parar de lutar e começar a dançar, uma nova mudança no ritmo avisava aos
"dançarinos" que podiam voltar a lutar.
Trata-se de uma expressão cultural que mistura jogo, dança, luta, música e brincadeira
em movimentos ágeis e complexos, feitos com frequência junto ao chão ou de cabeça para
baixo. Como na maioria das artes marciais
seus movimentos imitam os animais, característica que dá nome a alguns de seus golpes,
como o famoso rabo-de-arraia. Os dois estilos mais conhecidos são a Capoeira Regional,
de Mestre Bimba; e a Capoeira Angola, de Mestre Pastinha.
A música é um componente fundamental da Capoeira. Ela determina o ritmo e o estilo do
jogo que é jogado durante a roda de capoeira. O principal instrumento é o berimbau,
de origem grega, mas podem ser usados outros instrumentos da cultura afro-brasileira,
basicamente os mesmos usados no samba. As letras das cantigas são sempre em português, o
que leva os praticantes estrangeiros a aprender nosso idioma.
Apesar de a Capoeira ser uma arte dos escravos, seu nome é de origem indígena, vem do
tupi-guarani e significa "área de vegetação rasteira". Eram nessas áreas que os escravos
fugidos formavam os quilombos (acampamentos) onde se escondiam. Provavelmente esta arte
marcial recebeu este nome por ser praticada ao ar-livre pelos escravos que a criaram.
Outra versão ensina que "capoeira" era o nome do cesto em forma de gaiola usado pelos
escravos que transportavam aves ao mercado; enquanto esperavam a chegada dos
comerciantes aproveitavam para "jogar" na roda. Estes escravos, que ficaram conhecidos
como "capoeiras", teriam transmitindo o nome para o jogo.
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